Era uma manhã tranquila de domingo e tudo indicava que seria mais um dia monótono de trabalho na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Até que por volta das 11:30 o telefone toca. O policial de plantão atende esperando ser uma ligação rotineira de algum jornalista de plantão querendo saber informações sobre alguma operação da PF.
Segundos depois ele muda o semblante, sua expressão de
desespero chama atenção dos colegas e ele desliga o telefone. “Puta que o pariu,
fudeu”, disse o policial sem acreditar no que acabou de ouvir. “Liga pro chefe
agora porra, liga” esbraveja rangendo os dentes e apontando para o telefone
principal. “Mas ele está de férias”, diz outro policial. “Fodasse, essa porra é
urgente caralho”. O policial aperta uma única tecla e passa para o colega.
Moro está de sunga azul enquanto contempla as ondas batendo
nas rochas, olha para sua família se divertindo um pouco distante dele e pensa
em comp a vida é maravilhosa. Lembra-se daquele dia 7 de abril e se sente
realizado.
Ao ver seu telefone tocar, e verificar que é o numero da PF
de Curitiba, ele hesita por uns instantes ao atender, mas resolve enfim saber
quem era o infeliz que queria estragar suas férias.
“Mandaram soltar o homem, tem um Habeas Corpus aqui”, ouviu Sergio Moro no outro lado do telefone.
Por uns instantes ele ficou paralisado e sentiu um medo de que todos os seus
esforços poderiam ir por água a baixo. “Como assim caralho, ninguém vai tirar
esse homem daí. Ele só sai se for por cima do meu cadáver. Não deixa ele sair
porra, eu estou avisando, se alguém deixar esse homem passar por aquela porta
vai se ver comigo, você está me entendendo?”, praguejou ele aos gritos no
telefone.
Ao desligar o telefone começou a pensar no que fazer. Foi
quando veio a sensação de não poder estar mais perto daquele que tinha sido o
maior objetivo de sua vida. Não imaginava mais como seria não poder olhar para
ele todos os dias e confronta-lo. Não conseguia mais se ver sem o prestígio de
ser considerado um herói brasileiro.
Ele então pega o seu telefone novamente e faz uma ligação. “Porra
Gebran, que merda é essa que querem soltar o homem? Quem foi que deixou essa
porra acontecer caralho? Vocês têm que tomar uma providência agora porra. Meus homens
não vão conseguir segura-lo por muito tempo lá. Eu estou de férias caralho. Nem
nas minhas férias eu tenho sossego”, diz ele com tom de voz autoritário, que acabou
chamando atenção das pessoas que estavam por perto.
“Foi a porra do Favreto. Aquele ali é petista até os dentes.
Ele está de plantão hoje e o pessoal do PT resolveu pedir um HC sabendo do amor
que ele tem pelo homem. Quem indicou ele foi até a Dilma porra. Na hora ele
aceitou e mandou soltar ele”.
Moro se levanta da cadeira de praia, pega sua
camisa e grita para a família que vai para hotel tomar um banho. “Fodasse,
resolve essa merda agora. Esse homem não pode ficar solto caralho. Tem muita
coisa em jogo. Tu lembras? Com o supremo com tudo porra. Liga pro presidente do
TRF4 agora, fala com a imprensa e diz que aquele homem não sai daquele prédio
hoje”. Moro desliga o telefone e na mesma hora recebe outra ligação. “Não vai sair, eu não vou permitir... Aquele
juiz é incompetente, não vamos aceitar esse habeas corpus”.
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